A cor púrpura, o musical

É impressionante como a arte nos afeta de maneiras diferentes através de formatos diferentes. Seja lendo um livro, assistindo a um filme ou vendo uma peça de teatro, a arte tem a sua missão que , para mim, não é apenas nos dá prazer e nos apresentar o belo, mas nos fornecer ferramentas para através da reflexão nos tornarmos seres humanos melhores. A arte é, portanto, condição essencial à vida humana.

Esse meu ponto de vista se ampara em Tolstói,  o escritor russo.

Para Tolstói,  em seu livro "O que é arte? " publicado em 1898,

"a a arte deve antes comunicar o bem do que mostrar o belo, inclusive porque o bem é eterno e a beleza, provisória. Sua tese final é a de que o belo até pode chamar a atenção, porém é a mensagem que fica."

É a mensagem que fica. Exatamente.

Quando li A cor púrpura da escritora norte americana Alice Walker  que em 2022 completou 40 anos de publicação,  a mensagem que mais tocou meu coração foi a trajetória de uma mulher pobre, negra, considerada por todos feia, que apesar de todos os abusos e violências sofridas se descobre como mulher e como ser humano e encontra uma forma de existir nesse mundo tão hostil para pessoas como ela.

É como Celie, a protagonista, disse:

"Eu sou pobre, eu sou preta, eu posso ser feia e num saber cuzinhar (...) Mas eu tô aqui."

Na sequência, assisti a adaptação cinematográfica de 1986 dirigida por Steven Spielberg que contou com grande elenco e recebeu 11 indicações ao Oscar.

Ontem, porém, tive a oportunidade de viver uma experiência ainda mais emocionante.  Assisti ao espetáculo "A cor púrpura,  o musical " , uma adaptação brasileira do The Color Purpure, musical produzido na Broadway por Oprah Winfrey e Quincy Jones.

O musical brasileiro foi adaptado em 2019 por Artur Xexéo que nos deixou em 2021 e dirigido por Tadeu Aguiar.

Assistir nos palcos a trajetória dessas mulheres como Celie e Sophia por seu espaço foi sensacional.

A estrutura impressiona, mas os atores, as vozes, as músicas,  emocionaram a todos os presentes e me levaram às lágrimas.

Vale muito a pena assistir. O espetáculo segue em turnê pelo Brasil, então não perde a oportunidade caso passe por sua cidade.

A cor púrpura é um clássico necessário que nos faz refletir sobre questões essenciais como o machismo,  o racismo, a violência doméstica e que nos desperta a vontade de sermos pessoas melhores.